quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Parte II

E então, nossa primeira noite, que não começou com o romantismo que se espera. Era apenas um arranjo prático.

Desta parte eu me lembro bem. Tomei banho e vesti a roupa menos sexy do mundo: o moletom vermelho da Quatrum (2 números acima do meu) e aquela legging marrom que tu odeias. Meias, obviamente, e o cabelo solto de quem não vai dormir perto e, portanto, não precisa se preocupar se vai ficar no rosto do outro.

Mas não foi bem assim...

Até lembro de brincares, enquanto teclávamos, dizendo que eu só não deveria te mostrar a nuca...

Não lembro se mostrei, mas lembro que perguntastes se poderias tirar o jeans para deitar. Não vi motivo para me opor. Achava que deitarias comportadinho. Ledo engano...

Mal teu corpo tocou a cama já te aprochegaste. Tua proximidade sempre alterou coisas em mim: da temperatura ao nível de juízo.

Quando encostaste o rosto na minha nuca, a despeito do cabelo que a cobria, ainda te adverti para o fato de não ser feita de ferro...

De nada adiantou, para a minha sorte...acho. Não...tenho certeza! Eu não seria a mesma, não fosse tudo o que me trouxeste!

Não guardo muito claro como se desenrolou aquela noite. Deve ser esta maldita memória seletiva. Desconheço os critérios de armazenamento que ela usa.

Lembro da foto no espelho no dia seguinte...nossa primeira, juntos.

Onde foi parar aquela foto? E todas as outras? Tu apagaste todas?

Tempo perdido...tais imagens estão todas em mim!

Acho que foi na semana seguinte que demorei no salão e te deixei esperando. Na verdade enviei mensagem para o teu celular, sem saber que o havias perdido.

Quando estava voltando para casa, vinhas em minha direção, acho que já desistindo de esperar, e demorei a te reconhecer, lembra?

Vestias tua jaqueta cinza e lenço ao pescoço...

Foi no dia 25/06/2013. Este não esqueço porque foi o dia em que me pediste em namoro.

Claro que não poderia ser um simples pedido. Tinhas que fazer acrobacias verbais.

"- Quero te pedir uma coisa, mas só se tiveres tempo para te dedicar!"
"- Quero te namorar às verda!"

E eu me esforçando para não parecer burra enquanto tentava deduzir o que seria o tal "às verda".
Optei por presumir que seria "de verdade".
Acho que acertei.
Foi verdadeiro, não foi?

Neste mesmo final de semana ainda me brindaste com mais uma lembrança que não poderá ser apagada.
Lembro "crystal clear" quando disseste que querias me ver durante a semana, porque sentias muita saudade passando tanto tempo distante.

Óbvio que me derreti feito sorvete no calçadão de Porto Alegre, pleno janeiro. Em menos de um minuto não sobrou nem minha casquinha.

E foi assim que decidimos que ficarias em POA no dia da minha compensação, que logo virou 2,3,4 dias.

Quanto tempo levou para buscares o resto das tuas coisas? Não lembro ao certo, mas não chegou a dois meses.




Nenhum comentário:

Postar um comentário