segunda-feira, 29 de julho de 2013

N(F)ome

Lambo teu nome
de baixo
para cima
e ele
é doce
mesmo
sendo verde.
Rima
com mel
e combina
com teus olhos.
Escorre
garganta abaixo
fresco
e aveludado
até
acariciar
o estômago.
Não gostas
do teu nome?
Pois eu gosto!
Gosto do som,
 desta
cálida fome
que ele desperta,
e que só
seu signo
sacia.

Bolsa-amor

Amor de direito,
de direita,
comunista,
bi-polar,
bi-lateral,
de ladinho...

Amor hetero-gêneo,
hetero-diegético,
homo-afetivo,
homó-fono,
furtivo,
furta-cor...

Amar
é direito de todos!
Quero todas as cores
na minha
Bolsa-amor!



sábado, 27 de julho de 2013

Depois do fim que não há

E então começamos o pós-último-capítulo.  Podemos começar pelo desequilíbrio de hormônios, que leva ao desequilíbrio do humor, mas há uma alegada falta de senso de humor nela então, talvez seja melhor optar pelo tema  falha do regulador de humor dele, que leva a um desequilíbrio do amor, do bom senso e até da paciência dos dois. Mas talvez seja melhor começar pelos desequilíbrios bipolares, depressões, múltiplas pressões diárias que conduzem a discussões sem sentido, de onde invariavelmente, um dos dois sai sentido.

Mas onde foram parar as piadas bobas que preenchiam os diálogos no Skype até às três da manhã? Devem ter ido para a balada, em parceria com as promessas de passeios infindáveis e noitadas intermináveis.

De fininho, a tv entrou na sala e na vida do casal. No começo eram apenas os filmes românticos, seguidos pelos interessantíssimos documentários comentados. Mas de repente, um dia, sem qualquer aviso prévio, a novela foi convidada a participar do jantar. À partir deste dia, o silêncio dialógico passou a morar na sala.

Neste ponto, ela notou que o apartamento começava a ficar pequeno para tanta gente. Embora alguns partissem, inclusive alguns que fariam muita falta, como o Sr. Diálogo, outros tomavam rapidamente o lugar desocupado.

Foi assim que chegaram, de mala e cuia, em momento indubitavelmente  inoportuno, o Sr. Ciúme e a Sra. Insegurança, que tiveram que dividir o quarto deixado vago pela Sra. Libido.

Até o dia em que ela cansou de servir tantos hóspedes bicões, convidou o Sr diálogo para um chá e,com a ajuda de sua sabedoria plácida, expulsou todos os desconvidados filões.

Só aí eles entenderam que é depois do "...e foram felizes para sempre"  que a gente descobre a impossibilidade de ser feliz sempre. Ontem ela estava de TPM, hoje ele está de mal humor...mas no fim os dois aprendem que não há fim, se há amor para manter a roda desta hospedaria maluca girando.

Sinônimos perfeitos

Enquanto assistias a gravação da palestra do Cortella, hoje pela manhã, me chamou a atenção a definição que ele deu para perfeição: plenitude, inteireza, completude. Então te observei, ali sentado no sofá, vestindo meu roupão e espirrando, febril, e finalmente pude compreender o quão sinônimos somos tu e eu...

Perfeição
é tua forma
de me acariciar
automaticamente,
sempre que me aproximo,
como se uma força
desconhecida
atraísse tuas mãos
para o meu corpo;
inteireza
é a sensação que me acorda,
nos teus braços, pela manhã;
completude é o resultado
de nossos corpos unidos
e
plenitude
não é senão
as reticências
desta união.



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Memória olfato/afetiva

Minha visão anda se queixando da idade então, aproveitando uma visita à minha cidade natal, resgatei meus velhos óculos. Mas ao colocá-los sobre os olhos, percebi que não faziam tanta diferença, senão para tomar o ônibus certo. Então entendi que observo tudo ao meu redor com outros sentidos mais aguçados. Nunca fui boa em ver o mundo com os olhos...Meu mundo se forma através de cheiros, texturas, gostos e arrepios.

Sinto o antigo colégio no sabor doce da polenta de leite com calda de caramelo e no som melodioso da voz da tia Zulma cantando a Oração de São Francisco. Sinto falta do cheiro daquelas florzinhas amarelas que cobriam o muro lateral, e que nos buscava para a aula, na esquina. Só mais tarde descobri que crianças saíam de casa mas não iam para a aula...Foi quando aprendi o que era um PARADOXO, na sexta série, ao mudar de colégio, já que a Escola Estadual de primeiro Grau Incompleto Sagrado Coração de Jesus, como o próprio nome diz, não oferecia todas as séries do ensino fundamental. E lembro que tínhamos que escrever o nome completo da escola todos os dias, junto à data. Coincidentemente não havia problemas de alfabetização entre meus colegas e todos gostávamos de escrever. Até redação. E também de ler, de tudo um pouco, ou melhor, de tudo, muito. Líamos em todo lugar.

Por exemplo, no Parque da Baronesa reencontrei o perfume de grama amassada que se misturava ao cheiro das páginas amareladas em minhas mãos, mapas de pontes para lugares de paz. Era lá que me refugiava das alcoólicas brigas domésticas, das brincadeiras sem graça que os parentes faziam porque os erres no final de minhas palavras eram sonoros, ou porque meus plurais eram flexionados, enquanto as angústias permaneciam silenciosas e a solidão, inflexível ... Lembranças de domingos de sol e silêncio, coloridos de literatura libertadora.

E, por falar em literatura,o cheiro de tinta fresca da Biblioteca Pública Municipal refrescou a memória daquela menina que cresceu em um tempo sem computadores ou internet, copiando trechos de livros em uma folha de caderno que ia dobrada no bolso. Mas ela sempre esquecia o lápis, que a recepcionista emprestava com um sorriso doce e complacente.

Inúmeras manhãs sem aula, preenchidas com histórias fantásticas de criaturas lendárias e mitológicas, fantasticamente reais ou realmente fantásticas...

Hoje o branco, um tanto frio, cobriu o rosa da fachada e das paredes internas, mas o cheiro de madeira antiga ainda convida o visitante a experimentar uma das mesinhas quadradas, de pês esculpidos em formas arredondadas, enquanto as mãos abrem alguma das milhares de janelas cuidadosamente catalogadas e armazenadas nas prateleiras.

As recepcionistas de faces juvenis cochicham sobre posts do Facebook. Por certo desconhecem aquela sensação redonda na boca do estômago que somente o cheiro da tinta preta, envelhecida, em uma página amarelada é capaz de causar. É algo que embriaga o sujeito, provocando um torpor ímpar, um arrepio visceral que conduz este sujeito-leitor a uma viagem cujo destino é personalizado. Senti pena delas.












sexta-feira, 12 de julho de 2013

Acordando

Puxa as cortinas
das janelas
e me mostra
a água,
verde-límpida,
cheia de peixes
dourados.
Depois,
baixa as persianas
e mergulha
de novo
nos olhos
fechados.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A vida do texto

     O texto é um ente fluido, que nasce no primeiro traço e morre no último ponto do autor. Ele reencarna cada vez que novos olhos lhe sopram vida. Mas nunca é igual. Cada leitura é uma vida única e singular. Nos intervalos em que ninguém o lê, o texto não existe.

     Por isto um livro guardando pó, na prateleira, é algo tão triste - porque penas enquanto é escrito e enquanto é lido ele pulsa, contém vida. Sem as mãos do autor ou os olhos do leitor, sua natureza é morta, inútil e sem razão.

   

Dissimulado

"...e sempre que eu sinto que me irritas
tu me olhas com estes beijos
e me beijas com estes olhos
até que eu me prenda solta,
e livre da raiva
que nunca senti..."

domingo, 7 de julho de 2013

Adão e Eva

   
Eva suava a cântaros, curvada sobre a plantação de batatas. Suas mãos, mesmo jovens, eram tão duras quanto sua vontade. Guerreira de berço, sem ninguém por ela, eram os braços que lhe garantiam o alimento do dia e o pouso da noite. O sol fustigava a pele mestiça impiedosamente. Os longos cabelos, negros e lisos, guardados na rede em torno da cabeça, trazia-os encharcados de suor.

     Tentava decidir que histórias contaria aos filhos da patroa, antes de colocá-los na cama naquela noite. Eram suas histórias que os faziam dormir logo e lhe permitiam treinar as letras nos preciosos papéis de pão, cuidadosamente passados e costurados no formato de caderno. Mal sabia Eva que, muitos anos depois, aquelas mesmas histórias iriam colorir as tardes de suas netas, na casinha de boneca ao fundo do pátio, logo depois do milharal.

     Enquanto vagava por seu mundo imaginário, onde bruxas trançavam as crinas dos cavalos e davam nós nos cabelos de menininhas que não se penteavam, ela nem percebeu o "psssssiiiiiiuuuu" do jovem que executava a mesma tarefa braçal, sob o mesmo sol escaldante, do outro lado da cerca que dividia o batatal.

    Se soubesse nesse momento, quantas vezes ele a faria chorar, talvez jamais houvesse levantado seu olhar em direção daqueles olhos cor de céu de verão. Ou tivesse feito igual, vá saber. Afinal, momentos bons também existiram. E amor. E filhos. E filhas. E netos. E netas. E genros. E noras. E almoços de domingo, para toda a familia. E bacias de batata em cubos esfriando em cima do tanque. E festas de natal e ano novo. E nascimentos e velórios. E batizados e casórios. Uma vida inteira.

     Mas naquele momento crucial, Eva não conhecia esta história. Adão tampouco. Ela sabia apenas que aquele olhar azul á sua frente era fresco como as águas da cachoeira de basalto, e a fazia esquecer completamente o calor, o suor, o cansaço. Ele sabia apenas que aquela pose de nobreza que ela envergava, mesmo quando se curvava sobre a terra ressecada, esvaziava a mente dele de qualquer outra imagem ou pensamento.

    Adão sabia que era bonito. Eva sabia que era forte. Apaixonaram-se ao primeiro olhar. Ela atirou uma batata recém colhida, na direção dele que, distraído pela beleza dela, nem viu o tubérculo voando veloz em sua direção. A batata pousou certeira bem no meio da testa do incauto Adão, que tombou sobre a terra seca cheia de ramas surpresas, que aguardavam apenas suas mãos puxando-as, e não seu corpo inteiro, empurrando-as terra adentro.

     Eva assustou-se. Não era sua intenção nocautear o moçoilo deste modo. Queria tão somente chamar sua atenção. Mas não havia SMS, nem uma cobra para levar recado, então a batata pareceu-lhe a melhor opção, no primeiro momento. Mas agora arrependia-se.

     Pulou rapidamente a frágil cerca que separava os dois campos e aproximou-se do corpo dele, estendido de todo o comprimento sobre o chão poeirento. Mal ela debruçou-se sobre o rosto angelical, ele abriu aqueles olhos de basalto azul e ela resvalou para dentro do olhar, de onde jamais conseguiu se libertar.

     Quarenta anos, 5 amantes, centenas de brigas, seis filhos, e oito netos depois, perguntei a ela por que nunca havia se separado dele. Sua resposta foi simples e sábia: "Um dia entenderás, minha neta..."

     Pois bem, esta Eva não conhecia o paraíso. Sequer teve a chance de ser expulsa. Mas jamais reclamou disto. Partiu a taquara no joelho e deu metade ao seu Adão, para que pudessem resolver a desavença em pé de igualdade, mesmo que seus braços mais fortes lhe permitissem surrá-lo  exemplarmente em frente a todos os ávidos vizinhos que se aglomeravam em torno da cerca; esperou pacientemente por ele todas as vezes que se ausentou para longas visitas ás amantes; cuidou e proveu o sustento dos filhos todas as vezes que ele se mostrou incapaz de fazê-lo, por impossibilidade ou desinteresse; amou-o resilientemente até o dia em que seu coração cansou.

     Neste dia, Eva ganhou seu paraíso. Mas aposto que ficou sentada na entrada pelos três anos que seu Adão demorou para ir ao seu encontro. Então, livres de pecado, os dois atingiram de mãos dadas o princípio da criação.

Mercado

Era um mercado moreno
erguido por mãos
calejadas
cheias de pedras cinzentas
e vazias de esperança verdejante.

Era um mercado criança,
que mergulhava na água
lamacenta
e brincava com as chamas
alaranjadas.






Eram paredes espessas
que abrigavam gente grossa
e gente fina,
cheia de bossa;
bananas, pessoas e ovos amarelos;
pessoas e ovos  brancos;
pimenta e gente preta;
cães, gatos, plantas, gente e idéias mestiças.


Entre o mato e o morro

     Chovia. Uma garoa fina, gelada e persistente, acariciando as cores desbotadas dos retalhos de embalagens que vestiam os esqueletos dos casebres daquele subúrbio metropolitano. Apenas mais um reduto de muita pobreza e poucos sonhos. Aqueles que lá nasciam, conheciam bem os estreitos limites de seu mundo, situado entre o morro e o mato, com entrada pelo pórtico e saída pelo em sonho.

    Na cama compartilhada com os três irmãos pequenos, Henrique cerrava os olhos e ouvidos para tentar dormir. Aconchegados uns aos outros, espantavam o frio, hóspede indesejado que invadia a casa por todas as frestas e, aproveitando-se das poucas cobertas, dividia também a cama.

     Não que eles reclamassem.
Não conheciam outra realidade, nem outra rotina, nem outra cama. Viam que as pessoas na televisão dormiam em lugares estranhos, colchões sobre colchões, travesseiros sobre travesseiros, cobertas sobre cobertas. Era mesmo um mundo esquisito aquele da tela, onde pessoas dormiam sozinhas em uma cama, onde cabiam pelo menos quatro.

    Enquanto assistiam a novela, em silêncio para evitar a ira da mãe, que chegava sempre transtornada com o excesso de carências, reclamando seu momento de fuga, Henrique lembrava das explicações da professora de português: novela era um tipo de ficção - uma coisa inventada. Então era mais fácil entender todas aquelas camas, travesseiros e cobertas para cada pessoa inventada.

    Aquelas mães de novela também só podiam ser inventadas! Nunca gritavam, nem pegavam os filhos pelos cabelos para bater a cabeça deles na parede. Henrique sonhava em ser "filho de novela", como sonhava em voar sobre a cidade, para ver sua casa de cima, como o professor mostrara a casa dele no tal do Google Earth. É que a tela do computador, diferente da tela da televisão, mostrava coisas de verdade, bichos de verdade, gente de verdade.

     Mas a Vila Cocô não aparecia no Google Earth...será que que aquele lugar não existia?? Bom, no computador não existia mesmo. Henrique pensou um pouco, e chegou a uma conclusão: todas aquelas casas de retalhos, que abrigavam gente em pedaços; que aqueciam o corpo com cobertas de trapos e o espírito com retalhos de sonho só existiam ali, entre o morro e o mato.

  Para aqueles milhões de pessoas que o professor diziam estarem interligados pelos computadores no mundo todo, os casebres, ele, a mãe, os irmãos, vizinhos, gatos, cachorros e galinhas eram só ficção.
E ele, um dia, teria que parar de sonhar com camas e mães de novela e vôos pelo mundo, e fazer a única escolha que lhe seria dada: mato ou morro.

   

   

   


sexta-feira, 5 de julho de 2013

(A)Post(A)

Um fato
é uma foto
do ato,
não é um trato.

Nos retratos
da rede,
os argumentos
contrariam
a realidade...

que disparate!

Quem posta
aposta
que é verdade.

Criminosos
sem
maldade.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Geração Fanta Uva

Conheço um economista literato-idealista-anti-capitalismo e um filósofo que usa tênis da Coca-Cola. Coisas da Geração Fanta Uva. Não sabemos quem somos, só do que não gostamos e, nesses dias tão estranhos, fica muito mais do que a poeira se escondendo pelos cantos. Ficam as dúvidas, as incertezas, e as certezas absolutistas, ainda mais perigosas.

Meus heróis não morreram de overdose. Morreram de aids. Ainda não encontraram a cura para a aids, mas anunciam a cura gay. Bom, meus heróis eram gays...cultos demais, sensíveis demais, criativos demais...talvez, nos dias de hoje, pudessem ser curados de todos estes males, em um hospital público qualquer.

Não fossem gays, teriam por certo recebido um outro diagnóstico: TDA, bipolaridade, hiperatividade...o buffet é vasto, basta servir-se. Mentes hiperativas devem ser controladas. Toda a criatividade será castigada.

Tome sua dose diária de Somma, até que sua criatividade suma. Você deve se adaptar. Só os espécimes adaptados sobreviverão. Não tenha identidade. Não tenha opiniões. Consuma e reproduza modelos ideais.

 "Become numb. All you must do is be more like them and be less like you. "

Você não é socialista - eles comem criancinhas...e você combate a pedofilia compartilhando posts no Facebook; Você não é capitalista - chora pelas mãozinhas escravas que costuram seu tênis de marca, na China; Você não é anarquista - faz manifesto virtual porque teme a violência das massas oprimidas. Você não pertence á Geração Coca-Cola...sequer curtia Legião...sua geração é outra, e esta Fanta...é Uva!

Tudo...e só.

A primeira coisa que ela fazia logo após abrir os olhos era dizer "eu te amo" ao pé do ouvido dele. Sabia que ele ainda dormia, mas adorava ouvir o murmúrio de sua resposta ininteligível. Sabia que vinha da parte mais profunda do subconsciente dele.Lá onde os monstros tremiam sob a mira do pequeno pistoleiro de olhos verdes. Sabia que aquele som poderia significar qualquer coisa, de um "eu também te amo" a um "me deixa dormir em paz, sua louca"...mas aquele ruído a preenchia como um líquido morno e denso. Era seu café da manhã!

Depois disto, estava pronta para saltar da cama, vestir-se, escovar os dentes, prender os cabelos e ir trabalhar. Mas antes de sair, ainda cheirava a face dele uma última vez, abastecendo-se também daquele perfume de marshmallow, abacaxi e baunilha,que ele exalava pela manhã. Havia também alguma coisa verde, que ela não conseguia definir bem...parecia hortelã, mas não era bem isto...talvez kiwi... ou outra dessas coisas que o adoçavam.

Ao deixar o quarto, ela ia reunindo os rastros de convivência da noite anterior: xícaras, copos, pratos, embalagens de waffer de limão, meias sujas pelo chão e calçados deixados na sala. A cada objeto recolhido, sentia a vida pulsar no apartamento. A louça suja ficaria na pia quando saísse, mas não estaria lá quando ela voltasse. Sabia disto. Seus acordos eram tácitos. A compensação, justa.

E assim iam brincando de casinha, revezando-se na contradição dos papéis, sempre complementares, ora garotos perdidos, ora adultescidos, tentando não adulterar suas crenças, não assassinar suas crianças interiores, frequentemente  pouco interiores. Discutiam idéias e ideais; despiam-se de roupas, pudores e receios; dançavam ao som da mesma música, que ninguém mais ouvia. E sem errar o passo.

O resto da história, o tempo que passe, e conte. Por enquanto é só.