sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Devagar

Percebo uma semente
de esquecimento
insipiente
insinuando-se
silenciosamente
entre meus seios,
serpenteando
entre os sobressaltos
e saindo de mim
para  eu alçar
vôos mais altos.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mudo

Entre nós
não há mais
fonemas...
só silêncios
e poemas.

Apenas mais um poema

Trago em mim
infindáveis
infinitos
debruçados
numa espera
de cortinas
escancaradas
e palavras
abertas.
Meu amor nasce
e se põe
no horizonte.
Tudo passa
na calçada
adiante...
menos tu.

Trabalho

Amar
o que
se faz
é
adoçar-se
de
paz.

Instabilidade

Espere de mim
ciência,
poesia,
impaciência,
heresia...
mas não
espere
bom senso
pois meu coração
é
deveras intenso!

Piloto

De asas frias
e peito
sem emoção
o pássaro
que não canta
traz
na garganta
o homem-coração.

Sensatez

Seja
sensato!

Sem 
reclamação!

Estou só
por sua
opção!

Incoerência

Amar
é esta coisa
confusa
que
ora me arranca
a blusa,
acende a luz,
me usa...
ora
quer
me apagar.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

É só a minha opinião

É chegada a hora
de não mais
versar o abandono.

É chegada a hora
de ouvir
a voz do anjo.

Tenho sede
de poesia fresca
no café.

Quando chego
da balada
desabatida e satisfeita.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Todos os nossos bichos



A vaca. Inevitável começar pelo animal do qual falas ao acordar. Também, esta vaca está cada vez mais ladina, deve estar tomando aulas de ninjisse. Toda a noite a safada desce silenciosamente sobre nossa cama e, sem que percebamos, lambe teu cabelo neste formato único.
O pior de tudo é que ultimamente a bovina, não satisfeita em agir nos teus cachos, resolveu roer tuas unhas! Aí abusou!
O cabelo eu até que curto assim, loiro-power, mas mexer com tuas big mãos, que desbravam meus caminhos com carinhos bravios, ah isto me deixou furiosa!
Estou mesmo achando que esta vaca está de avacalhação. Daqui a pouco vira hambúrguer!
Melhor passar ao próximo.
O rinoceronte. O nosso, que é teu e veio para cá partindo dos rabiscos de Dali. Sorte ele ser anão, ou não caberia no elevador. Ainda assim, precisamos com urgência encontrar um adestrador para o bichinho, pois esta mania de devorar todos os meus quindins já está me chateando. Logo, logo estará obeso!
Mas sigamos em frente, que seguir para trás não dá.
As borboletas. Estas insetas (se “presidenta”pode, inseta também pode, não?) coloridas e delicadas que voejam pelo meu estômago sempre que te vejo já não se contentam com meus domínios digestórios e me escapam pela boca afora. Será que é por que estou sempre falando? Bom, ao menos elas tem companhia...
Os grilos. Já até fizeram amizade com as borboletas do meu estômago, embora sejam em maior número, afinal povoam duas cabeças! Mas até que são mansinhos, os bichinhos. Até então não localizei nenhum grilo violento por aqui.
Para concluir a lista, alcançamos a concretude mamífera:
A cachorra. A “Gorda”, que é magra e suficientemente generosa para dividir o teu amor comigo, imigrante que vim de lugar nenhum,  me aninhando na tua existência.
Não sem razão, a primeira foto que me enviaste foi dela. Pensei então que teria uma rival. Mal sabia eu quanto espaço havia naquele coraçãozinho canino.
Penso nela deitada, meio corpo no teu colo, meio corpo no meu; penso no dia em que voltamos para casa e ela estava aninhada no sofá com dois presentinhos peludos e fofinhos; penso quando começou a ficar estressada com a falta de espaço (tão parecida contigo); penso no dia em que foi embora...
Todos os nossos bichos, levaste contigo, me deixando completamente sozinha. Poderia ter me deixado ao menos minhocas na cabeça...

Tati Reis

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Posses

Tens juízo?
Não! Mas tenho
tudo o que preciso
e tudo
me é precioso.

Tenho um amigo
muito louco
que me azucrina
um pouco
mas é maravilhoso;

Tenho um outro,
roqueiro pirado,
que vive embebedado,
o tinhoso;

Tenho uma amiga
doutora
que adora
míni-saia;

E uma capricorniana
teimosa
sempre lá
caso eu caia;

Tenho sonhos.
minha poesia
minhas histórias
e minha teimosia...
Nada me falta!


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Identidade

Sou eu
em todas
as outras
que me fazem
unidade
diversa
nas diversas
idades
que tenho
já sem ter
mais
ou menos;
Sou o todo.
todas,
a um tempo
que nunca
é o mesmo,
já que
eu
nunca
sou
a mesma.
E voltamos à ativa, antes do que eu poderia imaginar...
Nem só no amor reside a inspiração...felizmente!