terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Todos os nossos bichos



A vaca. Inevitável começar pelo animal do qual falas ao acordar. Também, esta vaca está cada vez mais ladina, deve estar tomando aulas de ninjisse. Toda a noite a safada desce silenciosamente sobre nossa cama e, sem que percebamos, lambe teu cabelo neste formato único.
O pior de tudo é que ultimamente a bovina, não satisfeita em agir nos teus cachos, resolveu roer tuas unhas! Aí abusou!
O cabelo eu até que curto assim, loiro-power, mas mexer com tuas big mãos, que desbravam meus caminhos com carinhos bravios, ah isto me deixou furiosa!
Estou mesmo achando que esta vaca está de avacalhação. Daqui a pouco vira hambúrguer!
Melhor passar ao próximo.
O rinoceronte. O nosso, que é teu e veio para cá partindo dos rabiscos de Dali. Sorte ele ser anão, ou não caberia no elevador. Ainda assim, precisamos com urgência encontrar um adestrador para o bichinho, pois esta mania de devorar todos os meus quindins já está me chateando. Logo, logo estará obeso!
Mas sigamos em frente, que seguir para trás não dá.
As borboletas. Estas insetas (se “presidenta”pode, inseta também pode, não?) coloridas e delicadas que voejam pelo meu estômago sempre que te vejo já não se contentam com meus domínios digestórios e me escapam pela boca afora. Será que é por que estou sempre falando? Bom, ao menos elas tem companhia...
Os grilos. Já até fizeram amizade com as borboletas do meu estômago, embora sejam em maior número, afinal povoam duas cabeças! Mas até que são mansinhos, os bichinhos. Até então não localizei nenhum grilo violento por aqui.
Para concluir a lista, alcançamos a concretude mamífera:
A cachorra. A “Gorda”, que é magra e suficientemente generosa para dividir o teu amor comigo, imigrante que vim de lugar nenhum,  me aninhando na tua existência.
Não sem razão, a primeira foto que me enviaste foi dela. Pensei então que teria uma rival. Mal sabia eu quanto espaço havia naquele coraçãozinho canino.
Penso nela deitada, meio corpo no teu colo, meio corpo no meu; penso no dia em que voltamos para casa e ela estava aninhada no sofá com dois presentinhos peludos e fofinhos; penso quando começou a ficar estressada com a falta de espaço (tão parecida contigo); penso no dia em que foi embora...
Todos os nossos bichos, levaste contigo, me deixando completamente sozinha. Poderia ter me deixado ao menos minhocas na cabeça...

Tati Reis

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