A vaca. Inevitável começar pelo animal do qual falas ao
acordar. Também, esta vaca está cada vez mais ladina, deve estar tomando aulas
de ninjisse. Toda a noite a safada desce silenciosamente sobre nossa cama e,
sem que percebamos, lambe teu cabelo neste formato único.
O pior de tudo é que ultimamente a bovina, não satisfeita em
agir nos teus cachos, resolveu roer tuas unhas! Aí abusou!
O cabelo eu até que curto assim, loiro-power, mas mexer com
tuas big mãos, que desbravam meus caminhos com carinhos bravios, ah isto me
deixou furiosa!
Estou mesmo achando que esta vaca está de avacalhação. Daqui
a pouco vira hambúrguer!
Melhor passar ao próximo.
O rinoceronte. O nosso, que é teu e veio para cá partindo
dos rabiscos de Dali. Sorte ele ser anão, ou não caberia no elevador. Ainda
assim, precisamos com urgência encontrar um adestrador para o bichinho, pois
esta mania de devorar todos os meus quindins já está me chateando. Logo, logo
estará obeso!
Mas sigamos em frente, que seguir para trás não dá.
As borboletas. Estas insetas (se “presidenta”pode, inseta
também pode, não?) coloridas e delicadas que voejam pelo meu estômago sempre
que te vejo já não se contentam com meus domínios digestórios e me escapam pela
boca afora. Será que é por que estou sempre falando? Bom, ao menos elas tem
companhia...
Os grilos. Já até fizeram amizade com as borboletas do meu
estômago, embora sejam em maior número, afinal povoam duas cabeças! Mas até que
são mansinhos, os bichinhos. Até então não localizei nenhum grilo violento por
aqui.
Para concluir a lista, alcançamos a concretude mamífera:
A cachorra. A “Gorda”, que é magra e suficientemente
generosa para dividir o teu amor comigo, imigrante que vim de lugar nenhum, me aninhando na tua existência.
Não sem razão, a primeira foto que me enviaste foi dela.
Pensei então que teria uma rival. Mal sabia eu quanto espaço havia naquele
coraçãozinho canino.
Penso nela deitada, meio corpo no teu colo, meio corpo no
meu; penso no dia em que voltamos para casa e ela estava aninhada no sofá com
dois presentinhos peludos e fofinhos; penso quando começou a ficar estressada
com a falta de espaço (tão parecida contigo); penso no dia em que foi embora...
Todos os nossos bichos, levaste contigo, me deixando
completamente sozinha. Poderia ter me deixado ao menos minhocas na cabeça...
Tati Reis
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