segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Leitura

De repente, não mais que de repente eu, leitora compulsiva e esfomeada desde antes de conhecer os bancos pré-escolares, me vejo titubeando ante uma crônica um pouco mais longa e me choco.

 Se eu, que li Admirável mundo Novo e Sem Olhos em Gaza aos treze anos, em uma única semana e me deleitei com as previsões nada fantásticas de Aldous Huxley hoje tropeço na falta de vontade de ler um texto mais longo, que não me seduza ao primeiro olhar, o que dizer desta geração de agora, acostumada a estímulos visuais simultâneos e ideias objetivas?

E agora, o que fazer? Obrigá-los a ler para forçar o hábito, ou mudar o formato do que oferecemos?

Aposto mais na segunda hipótese.

Não que devamos desistir dos textos mais densos e elaborados, mas precisamos estar conscientes de que o leitor deve estar maduro para que estes sejam fonte de prazer. E amadurecer é um processo.

Se o ambiente for propício, o processo ocorre sem maiores intervenções, mas sabemos que isto nem sempre é possível. Adequação é a chave para evitar desastres.

Se oferecermos textos atraentes ao longo do processo de construção do sujeito-leitor, este terá maiores chances de desenvolver o gosto pela leitura. Até aí tudo muito fácil, muito lugar-comum...

Agora começa a complicar: e o que é um texto atraente? Isto vai depender de QUEM, ONDE, QUANDO e PARA QUÊ.

Como estamos falando do processo de construção do leitor para que este se torne autônomo, sujeito capaz de compreender e utilizar o conhecimento que adquire através da leitura, é importante que partamos do objetivo inicial: ler com prazer.

Nosso principal público-alvo aqui são pré-adolescentes e adolescentes, de 10 a 16 anos, aproximadamente.

Onde? Na escola e em casa. Sabendo que, na maioria das vezes não é possível contar com a ajuda dos pais, seja por que os mesmos não são leitores autônomos, não desenvolveram prazer em ler ou simplesmente não têm tempo ou não demonstram interessa em participar do processo de construção dos filhos, como sujeitos.

Quando? Nos dias de hoje, época em que o tempo parece cada vez menor e o recurso visual é o mais valorizado, levando a maioria a escolher o filme em lugar do livro, o resumo em lugar do texto integral. Hoje lemos em busca de informações objetivas, sem observar a subjetividade, as construções figurativas e delicadas de um texto literário.

É preciso começar oferecendo o caminho do meio, uma literatura "papinha", algo que cative, sem cansar.

Aos poucos, vamos aumentando a consistência destes textos, conforme a evolução do leitor, de modo que o prazer da leitura não seja embotado pela dificuldade de compreensão, mas que ainda exista algum desafio (input+1).

Neste ponto, precisamos oferecer em profusão um gênero textual contemporâneo, que satisfaça tais necessidades.

Meu questionamento é "qual seria este gênero"?









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