Você, meliante cruel e impiedoso, sequestrou o meu sorriso e sequer pediu resgate.
Fê-lo pelo prazer da malfeitura. Calou desde o princípio. Nunca pediu resgate.
Deleitou-se sadicamente em deixar o amargo que me queima a boca que um dia adoçaste de beijos.
Desrespeitando a mais valiosa lei da natureza, abateu a caça por motivo vil.
Não fora ameaçado; não alimentou-se dela.
Abandonou o corpo intacto, suficientemente enfraquecido para não fugir, mas sem a honra de uma morte digna.
Deixada à mercê da sede dos seus beijos;
Da fome dos seus carinhos;
Da tristeza, ave de rapina que arranca os olhos, mas não as imagens marcadas na retina,olho o céu...e tudo o que bebo é abandono.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
O gosto do silêncio
Hoje eu não sou texto. Hoje tudo o que escorre é o escarro do que já foi, talvez sem sequer ter sido.
A tentativa frustrada de ajeitar um projeto de algo que não estava ali, mas aqui em mim.
Um de tus, que seduziu um de mims, e depois foi embora, como se nunca tivesse passado pela Duque de Caxias.
Rapidamente pensei em dispensar as uvas, trocando-as por morangos, mais uma vez. A estratégia já havia funcionado.
Mas era tarde. Grávida de planos e sonhos, desejava aquelas uvas verdes como o único alimento capaz de me saciar por completo.
As uvas estavam altas demais.
Subi num banquinho, mas caí.
Tentei de novo, escalando o muro. Esfolei os joelhos, e caí novamente.
Limpei o sangue nas mãos, sujei a roupa e o rosto.
Todo o corpo doía, mas a vontade das uvas doía muito mais.
O gosto que silenciava na minha boca era a pior dor que se poderia imaginar.
Antes a dor de barriga, o vômito, a intoxicação, o diabo...
Qualquer coisa, menos o gosto do silêncio.
A tentativa frustrada de ajeitar um projeto de algo que não estava ali, mas aqui em mim.
Um de tus, que seduziu um de mims, e depois foi embora, como se nunca tivesse passado pela Duque de Caxias.
Rapidamente pensei em dispensar as uvas, trocando-as por morangos, mais uma vez. A estratégia já havia funcionado.
Mas era tarde. Grávida de planos e sonhos, desejava aquelas uvas verdes como o único alimento capaz de me saciar por completo.
As uvas estavam altas demais.
Subi num banquinho, mas caí.
Tentei de novo, escalando o muro. Esfolei os joelhos, e caí novamente.
Limpei o sangue nas mãos, sujei a roupa e o rosto.
Todo o corpo doía, mas a vontade das uvas doía muito mais.
O gosto que silenciava na minha boca era a pior dor que se poderia imaginar.
Antes a dor de barriga, o vômito, a intoxicação, o diabo...
Qualquer coisa, menos o gosto do silêncio.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Com calma
Dói.
Mas não endureço.
Por vezes
adormeço
pra fugir.
Mas a droga
já não dura
e a dor
amolece
no teu beijo.
Mas não endureço.
Por vezes
adormeço
pra fugir.
Mas a droga
já não dura
e a dor
amolece
no teu beijo.
sábado, 14 de dezembro de 2013
Promoção
Não. Melhor mesmo seria nem começar a escrever. Mas é sempre hemorrágico. Inestancável. Diferente das palavras que saem da garganta, que qualquer amigdalite vulgar cala, as que fluem das mãos gritam, naquele tom que minha voz nunca alcançará.
Não, eu não entendo. Estou criança confusa que vai de castigo e nem sabe que dia é hoje.
Eu queria aquele brinquedo um tanto estranho, diferente, que as outras crianças estavam até fazendo pouco caso. Mas ele me encantava de um jeito único. Seu funcionamento era algo que me deslumbrava. Imprevisível e caótico.
Aí vem Papai Noel, com o a última versão daquele boneco que imita o mocinho daquele filme que todas as menininhas estão se esfalfando para merecer.
Eu desembrulho eufórica, e estanco pálida. Antes a maldita esperança jamais tivesse deixado a caixa de Pandora.
Amaldiçôo o natal.
Choro.
Juro nunca mais acreditar no Noel ou em qualquer outro homem.
E durmo a criança mais infeliz do mundo.
Meu brinquedo? Jaz na prateleira, esperando a promoção pós-natalina.
Não, eu não entendo. Estou criança confusa que vai de castigo e nem sabe que dia é hoje.
Eu queria aquele brinquedo um tanto estranho, diferente, que as outras crianças estavam até fazendo pouco caso. Mas ele me encantava de um jeito único. Seu funcionamento era algo que me deslumbrava. Imprevisível e caótico.
Aí vem Papai Noel, com o a última versão daquele boneco que imita o mocinho daquele filme que todas as menininhas estão se esfalfando para merecer.
Eu desembrulho eufórica, e estanco pálida. Antes a maldita esperança jamais tivesse deixado a caixa de Pandora.
Amaldiçôo o natal.
Choro.
Juro nunca mais acreditar no Noel ou em qualquer outro homem.
E durmo a criança mais infeliz do mundo.
Meu brinquedo? Jaz na prateleira, esperando a promoção pós-natalina.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Compostura
Diante de tudo,
fui impecável:
engoli a tristeza,
as lágrimas,
as impensáveis
descomposturas
pensadas...
engoli o adeus
que nem foi dito;
a ausência
que só foi meia;
Quis engolir teus filmes e livros esquecidos na estante.
Mas continuei impecável.
Mudei os brincos,
a cor do batom,
e o vestido (novo).
Velha mesmo, só ficou a saudade, idosa, sentadinha em sua cadeira
acenando o último adeus.
Partidos
A fotografia
ficou pela metade;
a experiência,
inteira.
Já a saudade,
sorrateira,
vez por outra
se enreda entre meus pés...
enquanto eu finjo que leio.
ficou pela metade;
a experiência,
inteira.
Já a saudade,
sorrateira,
vez por outra
se enreda entre meus pés...
enquanto eu finjo que leio.
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