Olha, não é nada pessoal. Bom, pensando bem, é totalmente pessoal. É porque és tu. E porque fomos nós e tu me mostraste que aquilo com que sonhei existe. E é lindo. E nos sacia. Mas também envenena. Alimenta. Mas intoxica.É delicioso. Mas nos consumiria se continuássemos consumindo.
Teu amor foi minha primeira experiência com drogas. Não, os psicotrópicos que tomei antes não contam. Falo do consumo de drogas em busca de prazer. E como queremos mais e mais mesmo sabendo que nos destruiria.
É, talvez eu precise te odiar. Precise guardar definitivamente todos os teus textos, bilhetes, o caderninho preto, a jarra de plástico transparente com alça quebrada e todas as outras preciosidades numa gaveta bem funda. Ou sem fundo, que os leve de volta ao lugar mágico a que pertencem.
Preciso mesmo parar devassar teu blog desesperadamente sedenta de tuas palavras, que falam a língua que minha alma entende.
(Confesso que sempre leio cada um com muito medo de que não sejam mais meus, com um receio absolutamente justificado de não ser mais a destinatária das tuas palavras. Um dia, que pode ser amanhã, acontecerá. E é logico. E justo. )
Sim, eu tenho vergonha do meu egoísmo. Mas convivo bem com ele. Talvez eu não seja uma boa pessoa. Na verdade ando me contentando em ser apenas uma pessoa.
E demasiado humana.
Olha, pensando bem, acho que de nada adiantaria te odiar, uma vez que o ódio não é senão a outra face do amor.
Pensando bem, talvez não haja mal nenhum em te amar para sempre, mesmo que mude...que mude o ano, a cor do meu cabelo, que mudes de país, que eu mude de estado civil.
O nosso amor bipolar, surrealista, de poesia concreta, jamais teria cabido num contrato de união estável.
Mas é porque o meu mundo se estabilizou, que posso seguir amando.
É porque descobri um amor concreto, sem poesia mas real, que estou aqui escrevendo.
Daqui em diante, o livro está em branco. E a historia é outra.
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