sexta-feira, 13 de março de 2015

Saboreio a tristeza como a uma taça de vinho.Ambas me esvaziam. Desembarco do ônibus como se desembarcasse de mim. Sou leito seco de rio que bebe a chuva sem fazer poça. Ávida. Meus poros devoram a brisa morna rompendo a virgindade. Abro a boca e sinto o gosto das folhas secas ao vento anunciando o outono. Tudo em mim "outona",sem saber de primavera. Não apresso o passo, passeio na pressa alheia. Outros que desembarcaram passam por mim embarcados nas próprias vidas. Não há vida em mim neste momento. Ando na mesma direção de todo o dia, para casa, mas não há casa em mim. Sou só caminho. Subo as escadas muda de pensamentos, até o último degrau. Paro. Solto o cabelo sem saber ao certo o porquê, mas quando ele desce pelos ombros e apoia minhas costas, me sinto mais segura. A chave dá duas voltas avisando que a casa está tão vazia quanto eu. Apenas a escuridão e silêncio  me recebem. As mensagens chegam com o wi-fi, me chamando de volta. Deleto o post que não deveria ter sido comentado. Deleto os pensamentos que não deveriam ter sido pensados. Guardo algumas sensações nas gavetas certas e começo a organizar...a janta e as estações em mim.

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